segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Só uma reflexão - (2004)

Penso, não reclamo. Sinto falta, não exclamo, coisa alguma.
Integrar-se nesse mundo é difícil. Nesse auto-exílio frouxo – porque toca e faço tocar os telefones e visito as rodoviárias quase regularmente – ainda me sinto bastante exilada.
Falta. E fico feliz e agradecida por tudo o que não falta. Mas o que falta tornaria esses dias reais, concretos, verdadeiros. O sono à noite seria povoado de tranqüilidade colorida, revigorante e com cheiros impetuosos. O café da manhã estaria cheio de curiosidade e o almoço, dividido com as pessoas mais próximas. O dia seria compartilhado com pessoas de quem eu gosto, com quem verdadeiramente construo idéias. É o que falta.
Se predestinação existe, sou um bilhete de loteria. Mas não é só isso, ainda bem!...
Às vezes tenho medo que a ansiedade e a insegurança ceguem meus olhos e emudeçam a minha voz. Demora quanto até que se possa crescer aos olhos do mundo?
Hoje vi uma menina de olhos grandes. Era leve e ávida como eu sei como. Queria ser assim de novo. Ter o chão sob meus pés para olhar o horizonte com firmeza, estabelecer as trilhas.
Escondida nesta gruta invisível na qual eu resmungo como um inseto branco, não consigo desbravar a floresta. Parece me faltar as cores do ambiente. Não para camuflar. Para matar as charadas, para entender os seres todos. Nem que mais tarde seja preciso me vestir de outra estampa.
Mas onde achar tais cores? Como grudá-las em mim sem que seja com tachinhas tolas e fúteis?
Ao mergulhar bem fundo em mim, lá no fundo do que sempre quis ser e sou e já fui, em estado de latência, me sinto maior do que tudo isso. Sei que sou! Mas não consigo achar a resposta para todas as perguntas importantes.
Talvez nem todas sejam a curto prazo. Existem perguntas tão compridas que só Deus sabe onde colocar a interrogação. A vida parece com um questionamento só.

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