segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

(Jan/2008)

Dia de sol. As crianças sem ter cachorro nem gato, procuravam o que fazer no jardim. Folhas, galhos pequenos entre dois tijolos, uma possível futura fogueira para fazer comidinhas. Todo o tempo do mundo para ser feliz.

De repente, no meio da grama, um filhote de passarinho. Era um pardal. Era tão mirradinho, mas era lindo na sua urgência de cuidados e ainda continha a promessa de voar! Tão pequeno.

O menino então, agachado, arregala os grandes olhos pretos e levanta-se, súbito, num grande salto de alegria com a descoberta do animal. Volta os pés ao chão chacoalhando as mãozinhas, e esmaga o pobre filhote.

A menina, em estado descrente, olhava-o fixamente em seu desejo infantil e perpétuo de consertar a catástrofe. O pássaro virara do avesso e, em apenas um segundo, acabou-se toda a urgência de cuidados e as possíveis promessas de vôos, ninhos, outros filhotes e piados.

Não tinham coragem de olhá-lo novamente. Pensaram muito tempo em que fazer com a criatura, até que investiram forças para terminar com aquilo. A menina o soterrou com o tijolo, o menino se sentia culpado, pedia desculpas. Como de nada adiantasse, às gargalhadas reviveu acena e resolveu ir contar aos adultos da casa o que sucedera.

A vida era um instante.

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