segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

(2007)

De repente me pego parada no silêncio. Barulhos opacos como se estivesse mergulhada num líquido macio e misterioso. Longe... Olhando ao redor, o que se vê não é nítido, o que me causa espanto e medo, mas ao menos é luminoso e translúcido.
Movo os braços e as pernas, qual um astronauta marítimo. Acho que não saio do lugar. E quanto mais meus pensamentos se assustam, mais braços e pernas se movem rápidos em desespero. Num lampejo, insetos e outros bichos que detesto invadem a cena com seu reagir ameaçado, virados de cabeça para baixo.
Ficam ali, esperneantes, à deriva de um objeto que venha ao alcance de suas patas, de um vento que os leve a outro canto, ou de uma superfície que os esmague.
Mais silêncio.
Um salto no escuro. Mergulho inverso do mergulho. Me escolho a mim não aos outros. Não grudarei na teia de ninguém que não me provocará apodrecimento lento, que não me sugará aos poucos. Que morra esta corja nojenta, embebida em seu próprio visgo.
Eu - as vozes tão bonitas e estranhas, que se espalham consonantes e dissonantes, como as folhas que voam, e as castanholas invisíveis de Santiago - a soar pra sempre com o brilho das estrelas.

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