segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

(2005)

Que estranha força têm suas palavras,
palavras que saem da boca,
enquanto as que tenho saem pelos olhos,
pelos umbigos do silêncio...

Que estranhas palavras para mexer comigo,
arremessadas mansamente contra meus ouvidos,
plenamente em meu instinto vivo.

Que estranhas palavras,
que estranho calor histérico,
que estranhas mãos e rosto,
me olhando e atirando-me
à vertigem do abismo aberto em mim.

Mas que palavras...
Que a mim, me calam ávida de sensações
e sentimentos, com uma força tamanha.

Que serei eu daqui uns dias,
tanto faz, uma semana?...
Um fogo que se apaga,
a luz pura de sua chama?

O amor pelos seres que me habita,
seria também esse desejo de engolir tudo com a boca grande,
esse apetite voraz, que de repente me apanha?...

O que surge aqui dentro,
que não entendo,
tão selvagem que não se acanha?

Quanto mistério há nas palavras estranhas...

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